Em Chiang Mai, um desejo lançado ao futuro

Muito antes de realizarmos o projeto Banco de Tempo e virarmos parceiras de pesquisas artísticas, eu e Isabel fizemos boas viagens juntas. Às vezes elas tinham um motivo “curativo”como esta viagem juntas à Tailândia, em 2007. Acabávamos de sair de relacionamentos tensos, com pessoas emocionalmente abusivas. Viajar para mim – e creio que para Isabel também – nunca foram fugas e sim transmutações.

No fim de 2007, voei para Cingapura ao encontro de Isabel, que lá passou alguns anos lecionando numa universidade. Era minha primeira vez no Oriente. Sem planos, entrei no avião. De Cingapura fui sozinha ao Cambodja. E com Isabel conheci Pranang Ao, Bangkok e Chiang Mai. Nesta última cidade visitamos a The Land Foundation, projeto de engajamento social do artista Rirkrit Tiravenija que posteriormente agregou outros nomes. Passamos ali uma tarde.

Nunca editei as fotografias e vídeos que fiz nesta viagem. Hoje revisitei uma pasta no computador que aguarda alguma atenção, mas que insisto em esquecer. Algumas fases da vida são mais dadas à falta de imagens.

Esta fotografia saltou e se postou à minha frente. Lá estava quem sabe o nosso primeiro #bancodetempo, 10 anos atrás, lançado como um desejo para o futuro. Hoje, com nossos pequenos filhos Theo e Diana, não temos mais como sair por aí como ciganas na estrada. Tampouco sentar em bancos e contemplar tem sido uma prática em nossas vidas. Mas a amizade continua forte, apesar da distância oceânica. E na cabeça, muitos planos que podem não caber na medida desta vida apenas.